"O Barco"
Quis procurar a terra prometida,
em mares já dantes navegados,
repletos de monstros e quimeras,
mascarados de luz
e banhados em perfumes
quentes e exóticos,
nessas águas que sabia serem escuras,
escuras de um asco peganhento
que se agarrava ao casco,
num mar sem vento,
e ainda assim o barco ia
impelido pela névoa escura,
rápido, muito rápido,
sem hipótese de voltar para trás,
até se desmanchar completamente
numa praia incógnita,
em pedaços dispersos e sujos,
que rapidamente foram cobertos pela areia,
na esperança do esquecimento
da omnisciência intemporal,
que tudo regenera,
em paciência infinita,
impelindo para outros mares,
criados antes mesmo
da madeira que fez o barco ser árvore,
para ele navegar, e só ele.
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