sábado, 30 de outubro de 2021

A vendedora de flores



"A vendedora de flores"

A vendedora de flores,

Desceu pela rua, bateu às portas,

E ninguém abriu, ninguém ouviu,

E lá continuou, trazendo no cesto, cravos, rosas e jasmim,

De cheiros inebriantes e cores vibrantes,

Mas nada entregou nessas casas,

Onde se cheirava a suor, 

E em outras tantas a pocilgas e lixo,

Ninguém a via sequer, 

Lá de dentro, dos quartos sujos e escuros,

De tanto se olharem ao espelho,

De tanto falarem ao mesmo tempo.

Até que parou na minha frente,

E depositou nas minhas mãos um ramo, 

Sem pedir nada em troca, 

Sem nada falar,

E com um breve afago, 

foi embora, até desaparecer de vista.

Nunca mais a vi,

As flores estão guardadas

Entre as páginas de um livro

Que folheio raramente,

E o perfume do ramo que ela me deu,

Está sempre nas minhas mãos.






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